
Duas consciências ocupando um só corpo
Durante 26 semanas, a obra de ficção científica ‘A Hospedeira’ figurou na lista de best-sellers do jornal New York Times. Primeiro romance adulto da autora Stephenie Meyer da série Crepúsculo, a obra chegará às telas do cinema, com roteiro e direção de Andrew Niccol e com Saoirse Ronan (Um Olhar do Paraíso) no papel da protagonista.
Em ‘A Hospedeira’ o planeta Terra foi dominado por um inimigo que não pode ser detectado. Os humanos se tornaram hospedeiros dos invasores. Conhecidos como ‘Almas’, eles são inseridos, individualmente, em um corpo. O hospedeiro permanece vivo, mas suas lembranças e pensamentos são apagados. Muitos humanos sucumbiram a tal processo e detectar qual deles carrega uma ‘Alma’ é uma tarefa difícil para os humanos ‘selvagens’.
Dentre os humanos que resistem aos invasores está uma jovem chamada Melanie Stryder. Sem casa após a captura de seus pais, ela e seu irmão Jamie vagam sozinhos ao redor da cidade. Certa noite, quando Melaine invade uma casa em busca de água e comida, Jared a encontra. Assim como ela, ele é um jovem que vive escondido. Sozinho, sem família ou amigos.
Durante meses, os três convivem escondidos em um lugar inóspito. Mas quando Melaine resolve procurar por sua prima Sharon, ela é capturada e uma ‘Alma’ chamada Peregrina é inserida em seu corpo. Peregrina, porém, é surpreendida com a resistência da antiga ocupante. Melanie se recusa a desistir da posse de seu corpo e trava uma silenciosa disputa com sua invasora.
Investigando os pensamentos da jovem para descobrir o paradeiro dos remanescentes da resistência humana, Peregrina descobre sobre a existência de Jared e Jamie. Dois humanos amados por sua hospedeira que estão vivos e escondidos. Com o tempo, Peregrina passa a sentir as mesmas emoções que Melanie: ela passa a amá-los. Sentimento que faz com que sua hospedeira saia em busca do paradeiro do namorado e do irmão da jovem. Em posse de um antigo mapa de um esconderijo, dado pelo tio de Melanie, as duas viajam para as áridas terras do deserto.
A história, ambientada em um futuro próximo, é bela e cativante. Segundo Meyer é um livro de ficção científica que não parece ficção científica. Uma história sobre um triângulo amoroso com apenas dois corpos. “O que mais gostei foi de explorar o amor de ângulos tão diferentes. O amor pela comunidade, pelo próprio ‘eu’, pela família”, comenta Meyer, “o amor romântico e o amor platônico”.
Trecho do livro
“A Buscadora limpou a garganta, mas foi o Curandeiro quem respondeu.
- Ah – disse ele. – Não fique ansiosa quanto a algumas... dificuldades parciais de memória. Bem, isso não é de esperar, não exatamente, mas, pensando bem, não é surpreendente.
- Não entendo o que está querendo dizer.
- Esta hospedeira fazia parte da resistência humana – Havia uma sugestão de entusiasmo na voz da Buscadora agora. – Os humanos que sabiam de nós antes da inserção são mais difíceis de dominar. Essa aí ainda resiste.
Houve um momento de silêncio enquanto eles esperavam a minha resposta.
Resistindo? A hospedeira estava bloqueando o meu acesso? Mais uma vez, a veemência de minha raiva me surpreendeu.”
- Ah – disse ele. – Não fique ansiosa quanto a algumas... dificuldades parciais de memória. Bem, isso não é de esperar, não exatamente, mas, pensando bem, não é surpreendente.
- Não entendo o que está querendo dizer.
- Esta hospedeira fazia parte da resistência humana – Havia uma sugestão de entusiasmo na voz da Buscadora agora. – Os humanos que sabiam de nós antes da inserção são mais difíceis de dominar. Essa aí ainda resiste.
Houve um momento de silêncio enquanto eles esperavam a minha resposta.
Resistindo? A hospedeira estava bloqueando o meu acesso? Mais uma vez, a veemência de minha raiva me surpreendeu.”
(The Host – 1ª edição/2009 - 560 págs. – Tradução de Renato Aguiar – Editora Intrínseca)