Sua narrativa, escrita para ser lida tanto pelas crianças quanto pelos pais delas – apesar de trazer como tema o desejo incestuoso do pai pela filha – é como qualquer outro conto de fadas onde há princesas, príncipes e provas de amor.
Publicado em 1694, ‘Pele de Asno’ traz uma protagonista que ao contrário de sua história-irmã ‘Cinderela’, é ativa e ágil. Ela não aceita o sofrimento e, decidida, foge de casa. Mesmo escondida por debaixo de uma pele de asno, ela se deslumbra com seus vestidos e atrai o príncipe com sua beleza e arte culinária.
“(...) E quando preparava um bolo, a pedido do príncipe, deixou seu anel escorregar do dedo e se misturar a massa. Quando o príncipe começou a comer o bolo quase engasgou com o anel que estava na fatia.
E ele anunciou ao rei e a rainha:
- Vou me casar com a pessoa em que este anel couber, seja ela quem for.
E foi proclamado que todas as moças do reino deveriam ir ao palácio apenas para experimentar o anel. Aquele em que ele servisse se casaria com o herdeiro do trono.
E como em todos os contos de fada, o anel serviu no pequeno e delicado dedinho de Pele de Asno que, em pouco tempo, se casou com o príncipe (...).”
Nos cinemas a história foi adaptada pelo diretor francês Jacques Demy e trouxe Catherine Deneuve no papel da princesa Pele de Asno.