Uma história arrepiante para entrar no clima do mês do Halloween


O mês do Halloween está chegando! Que tal ler uma história arrepiante para entrar no clima? Minha dica de hoje é o livro O Homem de Giz de C.J.Tudor, da editora Intrínseca. Assassinato e sinais misteriosos em uma trama para fãs de Stranger Things e Stephen King.

Alternando passado com presente acompanhamos o dia-a-dia de um grupo de crianças – Eddie Monstro, Gav Gordo, Mickey Metal, Hoppo (David Hopkins) e Nicky – na década de 1986. A história, narrada por Eddie, agora um adulto de 42 anos, convida o leitor a vivenciar suas lembranças. Sua época de criança, quando ele e seu grupinho passavam as tardes no bosque, andavam de bicicleta, iam ao parque e trocavam mensagens através de desenhos de giz riscados no asfalto.

Mas superar o passado não é algo que o adulto solitário Eddie conseguiu ao longo dos anos. Foi durante sua infância que ele e seus amigos encontraram um corpo desmembrado no bosque de sua pequena cidade. E apesar de cada um deles estar nos dias atuais, 2016, vivendo sua própria vida, o recebimento de uma carta fará com que aqueles dias, agora tão longínquos, retorne para um acerto de contas.

“(...) Comecemos pelo começo. O problema é que nenhum de nós chegou a um acordo sobre quando de fato tudo começou. Foi quando Gav Gordo ganhou o balde de giz no aniversário? Quando começamos a desenhar figuras de giz ou quando elas começaram a aparecer do nada? (...)”

Tudor desenvolve a história com maestria. Sua narrativa crua é por vezes incomoda, mas essa crueldade é quem dá veracidade aos acontecimentos. O leitor se vê, durante a leitura, com receio de virar as páginas, assim como as crianças, de seguir em frente ao encontrarem as figuras de giz desenhadas no asfalto.

Para quem viveu os anos 80 – época da minha infância e da autora também – reencontrá-lo é retornar para uma vida tranquila, em que chamar um amigo para brincar era ir de bicicleta à casa dele. Sem internet e celulares, as brincadeiras ocorriam fora de casa. Ir ao parque sozinho não representava nenhum perigo. Você conhecia os pais de seus amigos e eles os seus pais. E comer doces e ir ao cinema era o passeio de fim de semana.

E essa troca de décadas trabalhada pela autora ao longa da narrativa é a forma como ela conta sua história. O final, que talvez possa não agradar alguns leitores, é certamente inesperado. Já os sonhos “reais” de Eddie são tenebrosos e enigmáticos, assim como, muitos dos personagens que cruzam o caminho do narrador. Em alguns momentos, você se verá perguntando: Devo confiar em quem?

O Homem de Giz começa em 1986, com Eddie e os amigos passando a maior parte dos dias andando de bicicleta pela pacata vizinhança em busca de aventuras. Os desenhos a giz são o código secreto do grupo: homenzinhos rabiscados no asfalto; mensagens que só eles entendem. Mas um desenho misterioso leva o grupo até um corpo desmembrado e espalhado em um bosque. Depois disso, nada mais será como antes.

Saltando para 2016, Eddie se esforça para superar o passado, até que um dia ele e os amigos de infância recebem, cada um, uma carta e um aviso: o desenho de um homem de giz enforcado. Quando um dos amigos aparece morto, Eddie tem certeza de que precisa descobrir o que de fato aconteceu trinta anos atrás.