Quebrando o Encanto?

Harry Potter
De J.K.Rowling

“(...) Dumbledore se virou e desceu a rua. Na esquina parou e puxou o ‘apagueiro’... Mal dava para enxergar o embrulhinho de cobertores no batente do número quatro. - Boa sorte, Harry – murmurou ele. Girou nos calcanhares e, com um movimento da capa, desapareceu. (...).”
(O Livro Harry Potter e a Pedra Filosofal – Capítulo Um – O menino que sobreviveu)

O caminho até a obra
Meu encontro com o pequeno garoto de óculos redondos, cabelos negros e uma cicatriz fininha na testa em forma de um raio aconteceu ao acaso. Foi na hora do almoço, na época em que eu trabalhava como Assessora de Imprensa em uma empresa independente de cinema.

Eu estava em frente ao balcão do restaurante, pagando pelo almoço, quando vi em cima dele, um pequeno livrinho. Na capa, abaixo da palavra Harry Potter, um garoto de óculos voava em uma vassoura, enquanto tentava apanhar uma esfera dourada com asinhas.

- É um livro para criança?- perguntei à senhora por detrás do balcão.
- Sim e não, já que eu não consegui para de ler, ela me respondeu. E continuou. - Eu já terminei. Se você quiser ler, garanto que valerá a pena.
Serei eternamente grata a ela por suas palavras. 

Li “Harry Potter e a Pedra Filosofal” em poucos dias. O texto criativo e a história bem conduzida pela autora me conquistaram logo nas primeiras páginas. Como tão poucas páginas conseguiam trazer tantos detalhes e aventuras é algo que me pergunto até hoje.

E a história do pequeno garoto órfão que vivia num armário debaixo da escada, foi convidado a estudar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e enfrentou um dos bruxos mais temíveis no Mundo Bruxo, cresceu e tornou-se adorada por todos. 

Pelo seu longo caminho, Harry Potter nunca se perdeu. Foram sete volumes lançados entre os anos de 1997 a 2010, que conquistaram leitores e tornaram a obra uma das séries mais adoradas do mundo. E não apenas pelas crianças, mas também pelos adolescentes e adultos.

Por isso, convido você à ‘mergulhar’ comigo, esta semana, no mundo mágico do bruxinho. A chamada para pegar o trem para Hogwarts é às onze horas, na estação de King´s Cross, plataforma nove e meia. Não se esqueça de levar sua varinha e vassoura.

Embarcando em uma nova jornada
Quando li Harry Potter, poucos leitores conheciam nosso pequeno bruxinho que fora deixado, ainda quando bebê, na rua dos Alfeneiros, n. 4, sob os cuidados dos Dursley. ‘Você não poderia encontrar duas pessoas menos parecidas conosco’, diz a Profa. Minerva à Dumbledore, quando ele lhe diz que Harry será cuidado pela família da tia materna.

A partir dessa passagem, que ocorre logo no início da narrativa, embarcamos ao lado do nosso protagonista em uma longa, longa jornada. Das páginas dos livros, ele salta para a grande tela, onde tudo o que construímos com a nossa imaginação se torna real. Logo, porém, descobrimos que nem todos os lugares em que estivemos estarão com suas portas abertas neste novo mundo. O mundo do cinema. 

O roteirista Steve Kloves, confessou em ‘Uma conversa com J.R.Rowling e Steve Kloves’ – que pode ser assistida no DVD de ‘Harry Potter e a Pedra Filosofal’ – que existe uma grande diferença em escrever uma obra literária e um roteiro cinematográfico. Por isso, durante todo o processo da elaboração do roteiro para os filmes da série, ele trocou e-mails com Rowling. “Há muitos detalhes nos livros. Em nossos e-mails, Joanne me dizia o que seria interessante cortar e o que não poderia ser cortado, para não influenciar futuramente alguma parte da história”.

Assim, como na série ‘O Senhor dos Anéis’, dirigida por Peter Jackson, foi preciso manter as passagens mais importantes da história, para que todos pudessem compreender a trama e assim, também ser conquistado e cativado por ela.

Marcando um encontro
O mundo mágico de Harry Potter deixou as páginas do livro em 2001, quando o estúdio Warner Bros. e o diretor Chris Columbus levou para as telas do cinema a história do bruxinho órfão que vive grandes aventuras ao lado de seus amigos Ron Weasley e Hermione Granger na Escola de Magia de Hogwarts.

Conhecer Albus Dumbledore, Profa. Minerva McGonagall, Severo Snape, Rúbeo Hagrid, entre muitos outros personagens criados por Rowling foi tão divertido quanto caminhar pelo Beco Diagonal e entrar na loja de varinhas do Sr. Olivaras; andar em um vagonete pelos túneis subterrâneos do Banco Gringotes; sentar-se em uma cabine do Expresso de Hogwarts; assistir a uma partida de Quadribol e até caminhar à noite pela assustadora Floresta Proibida.

Mas em Harry Potter, nenhum lugar é tão adorado quanto o castelo de Hogwarts com seu gramado fofo, seus grandes salões, suas escadas que mudam de lugar e seus fantasmas. Estamos tão familiarizados com seus corredores, nos quais percorremos ao lado de Harry, Ron e Hermione, durante todos esses anos, que fizemos de Hogwarts a extensão de nossa casa. 

E com o passar das páginas, continuamos a explorar o desconhecido mundo bruxo. Assim como Harry, aprendemos a evocar os feitiços, a misturar as porções e conhecer as leis do lugar que todo trouxa gostaria de conhecer. Afinal, quem não gostaria de receber uma cartinha de Hogwarts.

Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts
Diretor: Alvo Dumbledore
(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos)

Prezado Sr.(a),
Temos o prazer de informar que V.Sa. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.
O ano letivo começa em 1º de setembro. Aguardamos sua coruja até 31 de julho, no mais tardar.

Atenciosamente,

Minerva McGonagall
Diretora Substituta

Explorando novos caminhos

O Diretor Chris Columbus criou belas passagens (Harry Potter e a Pedra Filosofal e a Câmara Secreta), inspirando e permitindo que os diretores Alfonso Cuarón (Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban), David Yates (Harry Potter e a Ordem da Fenix, o Enigma do Príncipe e as Relíquias da Morte) e Mike Newell (Harry Potter e o Cálice de Fogo) também imprimissem suas marcas nos filmes.

Em uma obra tão ampla quanto a de Harry Potter, há muitas cenas que nos marcaram e que nos farão lembrar-se dos filmes sempre que os assistirmos. 

Quem não se lembra do passeio de carro de Rony e Harry pelo centro de Londres, quando os meninos pegaram o carro do Sr. Weasley e voaram pelos céus da cidade? Ou quando Harry ganhou guelras e nadou no lago de água gelada para salvar seus amigos dos sereianos? Ou ainda quando nosso bruxinho invocou seu patronum para salvar seu padrinho Sirius do beijo dos Dementadores? Sem dizer dos constantes encontros com os Comensais da Morte.

São tantas aventuras, duelos de varinhas, enigmas para decifrar, feitiços para praticar que os diretores puderam soltar a criatividade tanto quanto Rowling e divertir o público nas poltronas dos cinemas.

Adaptando para o cinema

Quando Harry Potter subiu em sua vassoura e voou para os gramados de Hogwarts, uma legião de fãs já aguardava pela sua chegada. Como seria o nosso Harry Potter? Sua cicatriz seria vem visível? E sua vassoura, bem veloz?
Harry Potter e a Pedra Filosofal conquistou o público jovem e rendeu mais de 317 milhões de dólares na bilheteria mundial para os estúdios Warner Bros. O mérito não se deve apenas a história, mas também ao diretor Chris Columbus, a quem coube a difícil tarefa de nos apresentar o bruxinho mais famoso do mundo mágico. O garoto mais esperado pela comunidade bruxa e pelos fãs trouxas. Um mundo que os fãs e leitores estavam ansiosos para conhecer. 

Assim que Harry embarcou no Expresso de Hogwarts, às 11 horas, todos nós embarcamos ao seu lado. Foram dez anos caminhando ao lado de Harry. Anos em que aprendemos muitos feitiços; onde desviamos dos balaços que teimavam em nos derrubar das vassouras; fugimos de um trasgo na masmorra; enfrentamos os Comensais da Morte; procuramos pelas Horcrux do Lord Voldemort e até participamos de um torneio quadribruxo.

E a despedida não podia ser diferente. A aventura final do jovem bruxo, dirigida por David Yates - Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 e 2 - trouxe cenas visualmente belas, algumas tristes em que bruxos amados caíram e o aguardado confronto entre Harry e Voldemort, que definiu o destino dos bruxos e trouxas, o momento mais grandioso da série.

Lutando ao lado deles, estavam às forças do bem e do mal. Rostos familiares em ambos os lados. Personagens que estiveram presentes nos filmes anteriores e que retornam para se despedir: Rúbeo Hagrid, Professora Sibila Trelawney, Professor Horácio Slughorn, Madame Pomprey, Argo Filch, Professora Pomona Sprout, Ninfadora Tonks, Fenrir Greyback e até Sirius Black e Alvo Dumbledore.

Uma bela e grande despedida da saga para os fãs.