Um pequeno e sensível conto. Assim é a história contada por Colgan. Passada na pequena ilha escocesa de Mure conhecemos Lorna, a diretora da única escola da ilha. Solteira, Lorna cuida de seu pai viúvo e, ao contrário do seu irmão, não se mudou para o continente. Mas tudo começa a mudar quando o seu pai adoece e um novo médico chega à ilha.
Jovem e estrangeiro, Saif se perdeu de sua família durante uma travessia de barco. Sem emprego e vivendo em um campo de refugiados, ele aceita o emprego como médico na pequena ilhazinha. Na verdade, Saif não tem muita escolha. E será vivendo nesta ilha que ele conhecerá Lorna. Uma amizade que será capaz de transpor diferença aparentemente intransponíveis.
Com delicadeza, a autora nos traz, em breves capítulos, o dia a dia de um refugiado que chega em um país estrangeiro e seu processo de integração e autonomia. Pessoas que precisam abandonar suas casas, levando poucos pertences consigo, com a esperança de reconstruírem suas vidas em um outro lugar. Questões que conhecemos através de Saif.
“(...) – Médico? Médecin? Tabib?...
Todos os olhos observaram Saif conforme ele dava um passo à frente, a mão segurando com firmeza a mochila preta.
- O médico do campo está ocupado – declarou o comandante, encarando-o com cautela. – Você é médico de verdade? Aqui tem muitos médicos de mentira. Falam que são médicos para conseguir um passaporte (...).”
Com capítulos curtos e dinâmicos, Jenny Colgan vai nos conduzindo pelas páginas. Ela intercala a narração, ora nos vemos acompanhando Lorna, ora caminhando ao lado de Saif. Mas também conhecemos Mure, a ilhazinha, uma personagem encantadora e cheia de vida com suas gaivotas e balsas.
Ter caminhado ao lado de Lorna e Saif, compartilhando seus pensamentos, foi um grande aprendizado. Ao término da leitura, não há como não sentir uma dorzinha no coração. Há a doença do pai de Lorna e a luta de Saif para reencontrar sua família, mas também há sorrisos, simplicidade, música e costumes de uma pequena comunidade.