Lendo Literatura Oriental

Olá! Hoje iniciamos nosso projeto de leitura de obras contemporâneas, escritas por autores asiáticos. E para começarmos o projeto Lendo Literatura Oriental, escolhi como primeira leitura a bela e sensível obra A lanterna das memórias perdidas de Sanaka Hiiragi. Lançamento da editora Bertrand Brasil que chega, hoje, nas livrarias do país.

Tudo começa e termina num estúdio fotográfico, onde um antigo relógio de parede não funciona mais e os visitantes são recebidos pelo gentil e paciente Hirasaka. Todos os dias, Hirasaka recebe uma entrega de Yama, o jovem garoto que empurrando seu carrinho de mão distribui os pacotes. Dentro deles, fotografias.

Fotos para cada dia do ano vivido. A tarefa do visitante é escolher a foto – uma para cada ano - que mais o agrada.  Com essa missão, eles ganham a oportunidade de revisitarem, durante um dia, uma passagem de sua vida e tirar novamente a foto do momento. Mas voltar à época escolhida tem uma regra: nada poderá ser alterado e ninguém poderá vê-lo, já que ele é agora invisível para o mundo.

Com a foto em mãos, Hirasaka então montará o caleidoscópio, uma lanterna giratória de memórias, onde o visitante poderá assistir os momentos de sua vida, antes de partir para o “além”.

“(...) Quando este caleidoscópio começar a girar, aprecie-o sem pressa até ele parar. Pois, no instante em que ele parar, terá chegado o momento da sua partida (...).”

Dentre tantas pessoas que passam pelo estúdio estão uma professora de noventa e dois anos, um membro da Yakuza de quarenta e sete anos, e uma criança. Pessoas que nasceram e viveram em diferentes épocas, mas que em um determinado momento terão suas vidas entrelaçadas.

Mas ao contrário dos visitantes que recebe todos os dias, Hirasaka não tem lembranças da própria vida, a não ser por uma única foto.  

“(...) Cheguei aqui como um navio sem amarras. O que eu tinha na mão era apenas uma foto. Uma simples, e não carregada de lembranças. Estou nela, mas não me lembro quando foi tirada, nem quem a tirou, não me lembro de nada (...).”

Com um texto sensível e uma narrativa encantadora, a autora nos conduz através das salas do estúdio e nos convida a compartilhar as lembranças de seus visitantes. Ao fim da leitura, nosso espírito está mais leve e nosso coração mais gentil e afetuoso.